A Mercedes-Benz revelou no Salão do Automóvel de Xangai o Vision V, um conceito de van elétrica de luxo para passageiros. O modelo antecipa a nova arquitetura VAN.EA (Van Electric Architecture), que será a base de uma futura linha de vans elétricas premium da marca a partir de 2026.
A proposta visa reposicionar a divisão Mercedes-Benz Vans com foco em margens mais altas, ao mesmo tempo em que responde às exigências regulatórias da União Europeia, que obrigam as montadoras a aumentarem a participação de veículos comerciais leves elétricos, segmento ainda com demanda limitada.
De acordo com a Mercedes, a VAN.EA permitirá uma diferenciação mais clara entre as vans privadas de luxo e as comerciais premium. “Ao ampliar a gama de produtos topo de linha, a Mercedes-Benz Vans está definindo seu próprio segmento”, afirmou o CEO Ola Källenius em conferência de resultados da empresa. A nova linha incluirá desde veículos familiares de entrada até vans VIP exclusivas e limusines de alto padrão.
As vendas estão previstas para mercados globais, incluindo os Estados Unidos, onde versões híbridas também são consideradas, dada a baixa aceitação de vans 100% elétricas.
Com 5.486 mm de comprimento, o Vision V supera a versão mais longa da atual Classe V e se aproxima das dimensões da Sprinter de entrada, embora com proposta distinta. O conceito adota balanços curtos, rodas de 24 polegadas, capô com protuberância “powerdome” e uma grande grade frontal com elementos de vidro, além de um teto solar de 539 watts, capaz de gerar até 3,44 kWh por dia em locais com alta incidência solar, o que pode resultar em até 22 km de autonomia adicional diária.
A estrutura adota sistema elétrico de 800 volts, favorecendo a recarga rápida.
O interior do Vision V foi projetado para oferecer uma experiência digital imersiva. O compartimento traseiro conta com dois assentos reclináveis com função cama e uma tela de 65 polegadas retrátil acoplada a um console de madeira.
O ambiente ainda dispõe de sete projetores no teto, que transformam as janelas laterais em telas adicionais, criando uma atmosfera de entretenimento de 360 graus. Entre os bancos dianteiros e o espaço traseiro, uma divisória de vidro pode ser opacificada eletronicamente, recurso também aplicado às janelas laterais.
O painel frontal é dominado pela “supertela” da Mercedes, composta por três monitores integrados ao sistema operacional MB.OS.
Com design mais próximo da linguagem estética dos automóveis da marca, o Vision V se distancia do formato tradicional das vans. A altura total é de 1.892 mm, inferior à da Classe V, o que contribui para a aerodinâmica e para a proposta visual mais refinada.
A Mercedes pretende que a VAN.EA permita replicar, em sua linha de vans elétricas, a rentabilidade da atual gama de veículos comerciais leves, que alcançou retorno de 15% sobre a receita em 2024. Entretanto, a empresa projeta uma redução para 10% a 12% em 2025, devido ao aumento da participação de modelos elétricos, como EQV, e às adaptações para atender às metas de emissões europeias.
No acumulado até março, o Classe V foi o terceiro furgão de passageiros de médio porte mais vendido na Europa, com 3.002 unidades, atrás da Ford Transit Custom e da Volkswagen Transporter, sendo o único modelo premium do segmento.
A versão elétrica EQV somou 240 unidades no mesmo período, enquanto o eVito, com proposta não premium, totalizou 1.397 vendas. Já a linha Sprinter, com versões de passageiros que variam de 5.237 mm a 7.367 mm de comprimento, alcançou 1.464 unidades no primeiro trimestre.
Como parte do reposicionamento estratégico da divisão, a Mercedes confirmou o encerramento da parceria com a Renault para o fornecimento de vans compactas rebatizadas e anunciou a venda de sua fábrica de veículos comerciais na Argentina.
A empresa também havia firmado uma joint venture com a americana Rivian para produção conjunta de vans na Europa, mas o projeto foi cancelado ainda em 2022, demonstrando o foco em soluções próprias com maior potencial de rentabilidade.
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