Híbridos como Pulse e Fastback não são eletrificados de verdade, diz ABVE

A ABVE avalia que alguns dos novos modelos lançados no mercado como híbridos, a rigor, não podem ser considerados eletrificados. Ele oferecem pouca ou nenhuma contribuição para a redução de emissões de CO² e outros gases do efeito estufa.

Modelos como o Fiat Pulse Hybrid e o Fiat Fastback Hybrid, recentemente lançados no mercado brasileiro, apresentam tecnologia híbrida, com motores que combinam um propulsor elétrico e um motor a combustão. No entanto, esses veículos não oferecem as mesmas vantagens de um modelo eletrificado.

O Pulse Hybrid, por exemplo, é equipado com um motor 1.0 turbo de 130 cv e um sistema híbrido que utiliza baterias de 12V, incluindo chumbo-ácido e íon de lítio. Embora o sistema busque melhorar a eficiência energética, a ABVE considera que esses modelos não possuem a contribuição efetiva para a redução das emissões de CO², requisito essencial para uma verdadeira eletrificação.

Por tais motivos, a partir dos números de janeiro de 2025, que serão divulgados no início de fevereiro, a ABVE deverá incluir em suas estatísticas mensais de eletrificados apenas os veículos que atendam a requisitos técnicos mínimos. Entre os critérios considerados estão: voltagem da bateria, tração elétrica, potência mínima da bateria e contribuição efetiva à redução de emissões.

Ainda assim, as categorias de híbridos que não atendam aos requisitos mínimos continuarão a ser reportadas mensalmente pela ABVE Data, mas em tabelas separadas. Segundo Ricardo Bastos, presidente da ABVE, a medida visa aumentar a transparência e oferecer mais informações ao consumidor.

Crescimento e resultados de 2024
Em mais um ano de crescimento expressivo, a eletromobilidade no Brasil alcançou novo recorde com 177.358 veículos eletrificados leves emplacados de janeiro a dezembro de 2024, um aumento de 89% em relação aos 93.927 de 2023. Apenas em dezembro, as vendas totalizaram 21.634 unidades.

Desses números, 3.828 correspondem aos micro-híbridos lançados no último trimestre. Estes modelos, equipados com baterias de 12 volts e sem tração elétrica, estão no centro de uma polêmica técnica sobre sua classificação como veículos eletrificados. Mesmo sem considerar os micro-híbridos, o total anual foi de 173.530 emplacamentos, 85% acima de 2023, com dezembro registrando o maior volume mensal da série histórica: 18.942 unidades.

A ABVE considera como eletrificados todas as tecnologias com algum grau significativo de eletrificação disponíveis no Brasil: veículos 100% elétricos (BEV), híbridos plug-in (PHEV), híbridos convencionais (HEV), HEV flex (movidos a gasolina/álcool) e híbridos leves (MHEV).

Segundo Ricardo Bastos, 2024 foi um marco de crescimento sustentável para o setor, mas ele destacou a importância de distinguir tecnologias que promovam uma eletrificação real.

Os veículos plug-in, que incluem os 100% elétricos (BEV) e híbridos com recarga externa (PHEV), mantiveram a maior participação de mercado em 2024, com 125.624 unidades, ou 71% do total de eletrificados vendidos. Em comparação com 2023, houve crescimento de 140%, superando os 52.359 veículos vendidos naquele ano.

Em dezembro, as vendas de plug-ins chegaram a 14.889 unidades, representando 69% do mercado de eletrificados no mês. Destes, os PHEV responderam por 48,6% das vendas, enquanto os BEV ficaram com 20,2%.

Híbridos sem recarga externa (HEV, HEV flex e MHEV) representaram 29% do mercado total, com 51.733 unidades vendidas em 2024, um aumento de 24% em relação às 41.568 de 2023.

A expansão da infraestrutura de recarga também foi um fator relevante para o avanço dos elétricos. Segundo a Tupi Mobilidade, até dezembro de 2024, o Brasil contava com mais de 12 mil pontos de recarga públicos e semi-públicos.

O estado de São Paulo permaneceu líder em vendas de veículos eletrificados em 2024, com 56.819 unidades (32% do total). O Distrito Federal ficou em segundo lugar, com 16.061 emplacamentos (9%), seguido pelo Rio de Janeiro, Paraná e Santa Catarina.

As cidades que mais registraram emplacamentos no ano foram São Paulo, Distrito Federal, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Curitiba.



Série histórica de vendas eletrificados (incluem micro-híbridos)

Série histórica de vendas eletrificados (não incluem micro-híbridos)