O mercado automotivo do Sudeste Asiático, dominado historicamente pelas montadoras japonesas como Toyota, Honda e Mitsubishi, enfrenta mudanças significativas com o avanço das fabricantes chinesas. Países como Tailândia, Indonésia, Malásia e Cingapura, onde as marcas japonesas antes detinham participações de mercado acima de 50%, registram quedas de até 18% nas vendas desde 2019.
Entre os fatores que explicam essa tendência está o foco das montadoras chinesas em veículos elétricos (EVs) acessíveis, como os modelos da BYD e GAC Aion, que atendem à crescente demanda por eletrificação na região.
Na Tailândia, por exemplo, as empresas chinesas rapidamente capturaram espaço no segmento de táxis e transporte de passageiros, oferecendo EVs competitivos em preço e tecnologia.
Em dezembro, Srettha Thavisin, o primeiro-ministro da Tailândia, viajou ao Japão com uma mensagem para as empresas japonesas: "Vocês não estão sozinhos no mundo"
A Toyota, que tradicionalmente resistia a reduções de preços, respondeu com cortes significativos para seus modelos líderes. Já na Indonésia, a BYD tornou-se a sexta montadora mais vendida poucos meses após sua entrada no mercado.
Para reagir, marcas japonesas anunciaram investimentos em fábricas locais para adaptar suas operações à produção de EVs, enquanto avançam com parcerias para desenvolver tecnologias como baterias de estado sólido e software. Entretanto, essa transição ocorre em ritmo mais lento do que o exigido pela rápida mudança do mercado, colocando em xeque a hegemonia japonesa na região.
A expansão chinesa no Sudeste Asiático não apenas reflete sua capacidade de inovar no segmento elétrico, mas também serve de alerta para os mercados ocidentais. A pressão para reduzir emissões pode abrir espaço para EVs chineses acessíveis, mas isso também ameaça indústrias nacionais e empregos.
A disputa, portanto, vai além de tecnologia, envolvendo questões estratégicas sobre como equilibrar acessibilidade, inovação e proteção da indústria local.
Fonte: [The New York Times]
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