Avaliação - Honda New City 2022 Touring: melhor carro nacional até R$ 130 mil?

A nova geração do Honda City chegou ao mercado brasileiro em 2021, com atributos de acabamento e de tecnologia dignos do segmento premium. Neste artigo relacionamos nossas impressões ao dirigir da versão topo de gama, Touring, precificada em R$ 125 mil (maio de 2022, base Distrito Federal).

As duas primeiras gerações do Honda City no Brasil sempre se caracterizaram por confiabilidade, qualidade construtiva de carroceria e de acabamento. Mas era claro, sobretudo na cabine, que se tratava de um sedã de acesso da Honda. Neste nova geração isso mudou: a impressão geral desta versão Touring é de sofisticação e luxo, mantendo o conforto, a agilidade e a praticidade que sempre caracterizaram este sedã.

Essa subida de nível não é apenas uma questão de acabamento mais sofisticado e com materiais mais nobres - aspectos que são evidentes neste novo City. É mais que isso.

Esse novo Honda City 2022 tem um passeio diferente dos anteriores, e também dos concorrentes. Há uma impressão geral de solidez estrutural que só se via anteriormente em sedãs de luxo alemães ou modelos mais caros da Honda, como o Accord.

Associe-se a isso um nível de silêncio interno jamais visto no City - praticamente não se ouve o ruído do motor ou de rodagem dentro do carro - evidenciando um nível muito mais elevado de utilização de material fono-absorvente. Não se sentem, igualmente, vibrações.

A suavidade geral de funcionamento do conjunto motor, do câmbio, da direção, freios e suspensão está em um patamar superior não apenas em relação aos City anteriores, mas também em relação a todos os demais concorrentes.

Essa suavidade não está presente apenas no funcionamento dos componentes dinâmicos. No vídeo a seguir mostramos o New City 2022 Touring em detalhes.



Os comandos internos todos - do acendimento dos faróis ao ar-condicionado, passando pelos comandos multifuncionais no volante - está em um nível de qualidade muito superior ao que se observa no mercado.

O volante é um caso a parte. Ele tem uma pega perfeita, o aro tem o diâmetro correto, o revestimento em couro transpira qualidade, e contém ainda os comandos de alguns dos sistemas do Honda Sensing de assistência à condução e, ainda, seletores de trocas de marchas, e dos comandos do sistema de informação e entretenimento.

Com 4,55 metros de comprimento, 1,47 metros de altura, 1,75 metros de largura e 2,60 metros de entre eixos, New City é 12 cm maior que o Toyota Yaris Sedan, e 6 cm maior que o VW Virtus, e 12 cm menor que o Chevrolet Cruze Sedan - que é um sedã médio.

O resultado aparece no amplo espaço interno - digno de um sedã médio, e também no porta-malas de expressivos 519 litros.

A percepção de porte ampliado é reforçada pela carroceria longa, larga e baixa e é explicitada pelo amplo friso frontal cromado no estilo “metal smile” e pelos vincos da carroceria. 

Os faróis e lanternas possuem tecnologia LED, e nesta versão Touring são full LED: indicadores de direção, facho médio e alto, DRL (Day Time Running Light) e faróis de neblina em LED.

Ainda em relação ao sistema de iluminação, esta versão Touring tem facho alto automático. Com isso, o New City oferece sempre a melhor iluminação possível, sem ofuscar quem vem em sentido inverso, já que o sistema comuta automática para o facho médio quando detecta carros em sentido inverso.

As rodas são de liga leve com rodas de 16 polegadas montadas em pneus 185/55 R 16 - com acabamento frontal diamantado e pintura preta. Os retrovisores externos são colocados na porta, e são automaticamente rebatíveis.

No interior, os bancos dianteiros contam com o Body Stabilization System, tecnologia que melhora a sustentação e reduz o cansaço. Nesta versão, assim como na intermediária EXL, a partida do motor é por botão Start, e entrada no carro, assim como o sistema de fechamento e abertura das portas é por aproximação da chave (Smart Entry).

Ele conta ainda com ar condicionado digital e automático, retrovisores rebatíveis automáticos, central multimídia com tela sensível ao toque de 8 polegadas com Android Auto e Wireless Apple CarPlay, multi Câmera de ré, sensores de estacionamento traseiros, bancos com acabamento em couro bege e painel digital TFT de 7 polegadas com múltiplas possibilidades de configuração.

No interior do New City Touring, a qualidade dos materiais e acabamentos impressiona, em alto nível se comparado ao modelo anterior e aos demais sedãs médio-compactos do mercado. Há muito espaço para as pernas e para a cabeça na frente e atrás, onde três adultos podem viajar com conforto razoável.

Para os passageiros traseiros há ainda saídas de ar-condicionado, mas fica devendo portas USB. Há, porém, uma conexão de 12V que pode ser usada - por meio de um adaptador - para carregamento de dispositivos eletrônicos.

A posição de dirigir oferece rapidamente uma boa posição, com coluna de direção com regulagem de altura e profundidade. O volante multifuncional permite operar desde sistemas multimídia até sistemas semiautônomos. O painel de estilo esportivo oferece uma boa visão das informações e os bancos proporcionam um bom suporte para o corpo.

Sentimos falta, porém, de alguns recursos, como um porta-óculos, de um freio de mão com acionamento eletrônico, e, ainda, de um descansa braço frontal com ajuste em altura e profundidade.

Honda Sensing

Para reforçar a segurança, além das tecnologias do sistema Sensing - que inclusive freia o carro automaticamente para evitar acidentes-, esta versão Touring adiciona sensores de estacionamento dianteiros e LaneWatch, um assistente para reduzir o ponto cego disponível. 

Ele projeta, quando a seta direita é acionada, na tela do sistema multimídia imagens de alta definição de uma câmera no espelho do lado do passageiro. Esse recurso proporciona muita segurança em manobras de conversão à direita.

Os recursos semi-autônomos do Honda City Touring são impressionantes. Eles usam imagens de câmeras localizada na parte superior do para-brisa, e também de radares nos parachoques, e implementam, como parte do pacote SENSIG, os seguintes recursos (não disponíveis em outros modelos desse segmento de mercado):

• ACC - Controle de cruzeiro adaptativo: ele mantém - automaticamente - o carro a uma distância segura em relação ao veículo detectado à sua frente; 
• CMBS - Sistema de frenagem para mitigação de colisão: esse recurso freia automaticamente ao detectar uma possível colisão frontal. O sistema funciona com detecção de pedestres e veículos que estejam no mesmo sentido ou no oposto; 
• LKAS - Sistema de assistência de permanência em faixa: esse recurso detecta as faixas de rodagem e ajusta a direção com o objetivo de auxiliar o motorista a manter o veículo centralizado nas linhas de marcação; 
• RDM - Sistema para mitigação de evasão de pista: esse recurso detecta a saída da pista e ajusta a direção com o objetivo de evitar acidentes; 
• AHB - Ajuste automático de farol - Comutação noturna automática dos fachos baixo e alto dos faróis de acordo com a situação.

Todos esses sistemas estão muito maduros em seu funcionamento. O ACC, por exemplo, opera de forma muito suave, praticamente da forma que operaria um motorista "humano" na redução de velocidade - não há trancos e tampouco situações de surpresas.

A única questão é que esse sistema ACC opera apenas em velocidades acima de 30 km/h. Ou seja, ele não chega a parar o carro completamente, já que abaixo dessa velocidade o sistema desativa-se automaticamente.

Mecânica

Com cabeçote, bloco e cárter de alumínio, o motor é um quatro cilindros 1.5 16V DI DOHC i-VTEC Flex aspirado. Ele conta com sistema de injeção direta de combustível - que permite maior taxa de compressão e maior otimização da combustão da mistura ar/combustível, para gerar mais eficiência e potência. O motor funciona em conjunto com a transmissão CVT – com modo “Sport” e aletas no volante para acionamento manual das marchas simuladas. A potência é de 126 cavalos a 6.200 rpm e o torque é de 155 Nm a 4.600 rpm.

O sistema de injeção direta de combustível é uma atualização significativa para o motor 1.5L do New City. A potência máxima é de 126 cavalos a 6.200 rpm, tanto com etanol quanto com gasolina, sendo que, com gasolina o New City tem a maior potência do segmento, superando inclusive os modelos equipados com motor turbo, como o Virtus.

Dentro de sua proposta, o sedã tem um passeio suave, silencioso e sólido. No entanto, o uso de “paddle shifts” para acionamento manual das 7 marchas simuladas no volante e o modo “Sport” ajudam a deixar a performance mais empolgante. Já o modo "Econ" suaviza as respostas do acelerador e da caixa de câmbio para priorizar a redução do consumo.

Neste New City, o câmbio CVT tem duas novidades. O step-shift funciona como um “kick-down”: a central eletrônica de controle do CVT coordena as trocas em pontos fixos das marchas, antecipando a sensação da mudança. E o EDDB (Early Downshift Under Braking) ajuda em situações de descida, quando o motorista pisa nos freios para conter o ganho de velocidade em um declive, o CVT assume uma relação abaixo, o que proporciona maior intensidade do freio motor.

O funcionamento é automático e aumenta a segurança sem afetar o consumo - outro aspecto que o New City se destaca.

A suspensão é confortável, e o ajuste é tipicamente da Honda, mas nesta nova geração está mais confortável.

Performance e Consumo

O New City 1.5 CVT acelera de 0 a 100 km/h em 10,5 segundos - um número que reflete seu bom desempenho, mas o que impressiona é o consumo. Segundo testes da revista Quatro Rodas, ele faz 13 km/l em cidade, e 17,4 km/l em estrada.

Em nosso percurso, em Brasília (DF), obtivemos mais de 13,5 km/l - um dos carros mais eficientes que já avaliamos.

De acordo com o Programa Brasileiro de Etiquetagem (PBE), sedã New City tem consumo urbano de 10,5 km/l.

Comparativo técnico - New City x Virtus x Onix Plus x Yaris Sedan

A tabela abaixo traz dados compartivos de performance, consumo e aspectos técnicos, fornecidos pelo INMETRO e em medições de testes da Revista Quatro Rodas. O grifo azul indica o melhor resultado, e o vermelho o pior. 

	Unidade	Honda City	VW Virtus	Onix Plus	Yaris Sedan
Consumo Cid.	km/l	10,5	11,2	13,7	13,0
Consumo Rod.	km/l	15,2	14,6	17,0	14,5
0 a 100 km/h	s	10,8	9,9	10,4	12,0
Vel. Máx	km/h	175	194	187	186
0 a 1000 m	s	31,8	31,5	31,7	34,7
60 a 100 km/h	s	6,0	6,2	5,4	7,1
80 a 120 km/h	s	7,7	7,3	6,7	9,4
Frenagem 120-0	m	61,6	60,6	58,1	62,0
Ruído a 120 km/h	dbA	67,5	69,5	63,5	71,9
Preço	R$	R$125.000	R$129.410	R$109.360	R$117.590
Garantia	anos	3	3	3	3
Revisões até 60.000	R$	R$4.477	R$4.793	R$3.964	R$3.596
Porta-malas	litros	519	521	469	473

 A tabela acima mostra que o New City não se destaca e não decepciona em nenhum indicador. Ele fica na média dos outros modelos do segmento. Entretanto, a qualidade construtiva e acabamento, o passeio premium o coloca em patamar acima desses modelos do mesmo preço. O City subiu muito o nível desse mercado, e os demais concorrentes terão que subir sua qualidade para competir.

Atualmente, nessa faixa de preço até R$ 130 mil,  em termos de acabamento, suavidade de funcionamento, sistemas de assistência a condução e qualidade geral, o New City está em outra liga.

Conclusão

O novo Honda City 2022 está em um nível superior a seus concorrentes. Ele é atualmente o melhor sedã dessa classe médio compacto exatamente por estar nivelado em termos de performance e consumo  com outros sedãs compactos turbinados, mas oferece acabamento e tecnologia superior. 

Não é por outro motivo que ele vem se consolidando como um best-seller, liderando o seu segmento, e já se posicionado entre os 20 carros mais vendidos do Brasil.

Na faixa de preço até R$ 130 mil, atualmente (maio de 2022) o New City é o melhor carro 0Km que esse dinheiro pode comprar.