Vídeo: avaliação do Cruze 2022 Midnight na Chapada dos Veadeiros

A Chevrolet do Brasil nos emprestou - para avaliação por uma semana - um Cruze 2022 Midnight precificado em R$ 139.350 (março/2022), na quinta feira que antecede o Carnaval, e como já estávamos com uma viagem marcada para a Chapada dos Veadeiros, optamos por testar o sedã de luxo da GM nesse ambiente que não é exatamente seu habitat.

Quando pegamos o carro, logo fizemos uma avaliação rápida, de primeiras impressões (veja aqui). O Cruze Midnight causa boa impressão pelo design bem resolvido e atual.

Outros aspectos notáveis imediatamente são a performance do motor Ecotec 1.4 Turbo Flex, muito disposto; suavidade de funcionamento da transmissão e o conforto proporcionado pelo ajuste da suspensão macia.

Essa suspensão configurada para propiciar conforto é um ativo importante que permitiu um passeio incólume e também confortável por vias de acesso a algumas das mais de 300 cachoeiras nas imediações da Vila de São Jorge, distrito de Alto Paraíso (GO), o “Berço das Água do Brasil” - a 240 km de Brasília, como mostramos no vídeo abaixo, especialmente a partir dos 5 minutos e 48 segundos.



Já na estrada, a BR-010 - que liga à Capital do Brasil ao coração da Chapada dos Veadeiros - bem asfaltada e sinalizada, mas de mão única, o Cruze Midnight sente-se em casa. É o seu habitat.

Estradeiro, mostra fôlego de sobra para retomadas, e acelerações. Rodando a 120 km/h, o conta-giros não passa de 2.100 RPM, propiciando um ambiente confortável na cabine, silencioso e sem vibrações, evidenciando a excelência do isolamento fono-absorvente deste sedã de projeto norte-americano.

O ar-condicionado funciona bem, é digital e automático, mas de zona única, e sem saídas exclusivas para os passageiros traseiros.

O câmbio automático de seis marchas é suave e progressivo, com relações bem escalonadas para a curva de torque e potência do motor turbinado.

Em relação ao consumo, na média de toda a viagem de cerca de 300 km, contando circuitos urbanos e rodovia, obtivemos média de etanol de 9,58 km/l - melhor até que os 7,8 Km/l indicados pelo INMETRO para etanol em cidade, e ligeiramente abaixo dos 9,8 km/l para o combustível vegetal em rodovia.

Importante apontar que no Estado de Goiás é normal encontrar o etanol precificado abaixo de 70% do valor da gasolina.

Como o Cruze Midnight, segundo dados do INMETRO, roda com etanol em média 30% menos que com gasolina, qualquer valor de etanol abaixo de 70% do valor da gasolina torna-se vantajoso, financeiramente, optar pelo derivado da cana - e é o que fizemos.

Outro ponto que impressiona é a estabilidade do Cruze, tanto direcional quanto em curvas. Em retas, a direção elétrica progressiva transmite feedback sobre o que acontece no asfalto, e é muito segura - pelo nível de assistência inversamente proporcional à velocidade. Mesmo em ultrapassagens de veículos longos - caminhões e ônibus - o Cruze sente muito pouco efeito de ventos e alterações bruscas de condições aerodinâmicas.

Além disso, mesmo com suspensão confortável, o comportamento do sedã em curvas é exemplar, evidenciando limites elevados de aderência. Curvas de raio longo, médio e curto são contornadas pelo sedã estradeiro com precisão e sem surpresas.

Em frenagens, mesmo em situações de emergência, os freios à disco nas quatro rodas (ventilados na dianteira) imobilizam o carro com disposição e sem desvios de trajetória.

Todas essas características dinâmicas se somam aos 6 airbags, controle de estabilidade e tração, assim como a sensação de solidez estrutural da carroceria, para criar um ambiente de condução que transmite segurança ao motorista e aos passageiros.

Há algumas faltas, porém. O piloto automático funciona bem, mas não é adaptativo - um recurso que está se tornando padrão nesse segmento. Sente-se ausência ainda de sensor de estacionamento dianteiro e de um sistema de frenagem autônoma de emergência. Outro aspecto que poderia melhorar seria um seletor de modo de condução, também indisponível no Cruze Midnight.

Entretanto, a posição de dirigir é perfeita, e o volante tem excelente empunhadura, revestido em couro com excelente pega. Os comandos multifuncionais permitem controlar - até com comandos de voz - a central multimídia de 8" sem desviar a atenção da via.

Essa central Mylink é compatível com Apple Carplay e com Android Auto, mas por meio de cabos. Destaque para o hotspot Wi-Fi do Cruze que distribui a internet 4G do carro em até 7 dispositivos de forma simultânea.

A viagem foi animada pelas musicas do smartphone rodando no sistema de som do carro, e com o sistema de navegação Google Maps mostrando o caminho na tela central do carro via Android Auto.

O porta-malas comporta 440 litros, permitindo acomodar bagagens e equipamentos. Chegamos à Alto Paraíso (GO) já anoitecendo, e pudemos observar, na estrada de 33 km asfaltada que dá acesso à Vila de São Jorge a excelência do sistema de iluminação noturna do Cruze. Uma pena, porém, não dispor de comutação automática de facho alto e baixo do farol.

Quando chegamos à Vila de São Jorge, a suspensão macia mostrou sua competência ao circular pelas vias de terra batida até a Pousada das Cachoeiras. Nesse contexto, a cabine oscila pouco e há bom isolamento das irregularidades do solo.

Como o Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros fica a 600 metros dessa pousada, no dia seguinte deixamos o Cruze quieto e optamos por ir à pé até a entrada do Parque, e fizemos as trilhas tradicionais até a cachoeira de 80 metros, passando pela de 120 metros, e posteriormente visitando os mirantes e as demais cachoeiras de volta.

Aproveito para informar que o Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros agora oferece um serviço de van, ao custo de R$ 70 reais por pessoa, que transporta pelos 5 km iniciais da trilha, deixando o visitante em um ponto que demanda apenas caminhada de 1 quilômetro para acesso às principais cachoeiras.

O retorno é com horário marcado, e nos R$ 70 está incluso o retorno. Com essa funcionalidade, pode-se chegar ao parque até por volta de meio dia, que é possível fazer o passeio completo.

Nos dias subsequentes fizemos outros destinos, como a Cachoeira do Lajeado, Loquinhas (em Alto Paraíso), Vale da Lua e até o Rio São Miguel, com acesso pelo inacreditável Restaurante da Mata (que é caro, mas oferece uma experiência gastronômica excepcional no meio da Mata - sensacional).

Todos as vias de acesso a essas atrações são em geral de 9 ou 10 km de estrada de chão. O Cruze demanda cuidado pois é um sedã e não dispõe da altura livre do solo generosa dos SUVs mesmo os 4x2.

Mas ele encara os desafios com competência, e em momento algum ficou em situação complicada. Ao contrário, a suspensão confortável novamente mostra sua competência ao deixar a cabine confortável mesmo nesse tipo de via mais desafiadora.

Durante os percursos, o ar-condicionado ligado deixou a cabine livre de poeira e com temperatura agradável.

Voltando à Brasília, o Cruze Midnight preto encontra novamente seu ambiente ideal.

Assim, bastou uma lavagem "americana", interna e externa, para o sedã reluzir sua pintura preta metálica novamente.

Um ponto positivo é que o couro sintético negro do interior aguenta bem o uso pesado de roupas molhadas, e muita poeira, sem deteriorar. Após a viagem, basta uma lavagem convencional também no interior para ele se mostrar novo em folha.

Isso sublinha ainda a versatilidade desse sedã médio de concepção norte-americana.

Conclusão

A Chapada dos Veadeiros é um dos destinos obrigatórios do Centro Oeste, e oferece atrações mesmo para quem não dispõe de um SUV ou picape 4x4.

O Cruze Midnight mostrou-se um sedã versátil, muito competente - como era de se esperar em estrada asfaltada - mas que permite a incursão em um off-road leve para acesso às belíssimas paisagens e riquezas naturais do interior do Estado de Goiás.