Chevrolet Tracker 1.0 Turbo Premier 2022: impressões ao dirigir

O Chevrolet Tracker chegou à linha 2022 com algumas novidades. Neste artigo relacionamos nossas impressões ao dirigir da versão Premier, 1.0 Turbo, que tem preço, em julho de 2021, de R$ 122.850 (o modelo testado, na cor branca, custa R$ 123.700).

O Tracker sendo um SUV da categoria compacta, mede 4,27 metros de comprimento, 1,79 de largura e 2,57 metros de distância entre eixos. A altura é de 1,62 metros.

O modelo tem linhas limpas, e se destaca pela assinatura visual em LED do sistema de posicionamento diurno. 

Quadro comparativo - Tracker - dimensões e capacidades

Modelo	Comprimento	Largura	Entre eixos	Altura	Porta malas
Chevrolet Tracker	4,27	1,79	2,57	1,62	393
Jeep Renegade	4,23	1,81	2,57	1,66	320
Nissan Kicks	4,31	1,76	2,61	1,59	432
Caoa Chery Tiggo 3X	4,20	1,76	2,55	1,57	420
VW T-Cross	4,20	1,76	2,65	1,57	373

Esta versão Premier 1.0 Turbo é o penúltimo modelo da gama em termos de preço e sofisticação, acima dele apenas o Premier 1.2 Turbo de R$ 131.430. Apesar de não ser o topo de gama, já vem bem equipada com rodas de liga leve de 17 polegadas (montadas em pneus 215 / 55R17), faróis 100% LED, barras no teto e spoiler na porta traseira.

O Tracker conta com detalhes em preto na lateral, que atuam no sentido de alongar a silhueta e abaixando visualmente o carro - conferindo um visual mais esguio e elegante. Mas é só impressão, porque é um SUV com 18 cm de altura livre do solo.

Observamos, porém, que defletor dianteiro está apenas 16cm, o que exige um cuidado em valas e entradas de edifícios. O Chevrolet Tracker 1.0 Premier enfrenta um ambiente competitivo povoado por T-Cross Comfortline (R$ 129.290) e  Caoa Chery Tiggo 3X (R$ 99.990) - ambos com motor 1.0 Turbo Flex e transmissão automática.

Interior

O design da cabine é bem resolvido, com inserções de material macio na parte central do painel, mas a estrutura é fundamentalmente de plástico rígido.

A montagem é de boa qualidade, e em nosso teste de cerca de 1 semana não observamos ruídos de peças soltas.  A posição de dirigir é bem elevada - o que agrada aos consumidores de SUV. O Tracker é um dos SUVs no qual o motorista se sente mais elevado.  É possível, porém, ajustar o volante e o assento para uma posição mais baixa e esportiva - fica ao gosto do motorista.

O cluster de instrumentos analógico à frente do motorista traz um computador de bordo completo, e que permite escolher quais informações serão exibidas, e alterar entre elas, sem tirar as mãos do volante, por meio dos comandos multifuncionais.

Quando se fecha as portas, o Tracker aciona um sistema que abre a fresta da janela para permitir maior facilidade de fechamento evitando a resistência da pressão interna do ar. Com a fresta aberta temporariamente, a porta pode ser fechada com maior facilidade.

Os bancos traseiros são generosos e há bom espaço. A ausência do túnel central melhora a habitalidade do passageiro central, e na parte inferior há duas portas USB. Fica faltando, porém, uma saída de ar-condicionado para o compartimento traseiro.

No centro superior do painel destaque para a central de informação de entretenimento MyLink de nova geração, com tela sensível ao toque de oito polegadas, compatível com Apple CarPlay e Android Auto, sem fio.

Essa unidade conta ainda com conexão WiFi com chip de dados próprio, que oferece a possibilidade de conectar até sete dispositivos móveis. E o Tracker traz ainda o sistema de suporte online OnStar, tudo de série.

O porta-malas comporta 393 litros - melhor que os 373 litros do T-Cross, mas aquém dos 420 litros do Caoa Chery Tiggo 3X. 

Há um sistema de iluminação, e o revestimento inteiro de carpete, com um tapete de borracha sob medida na parte inferior. Sob o assoalho há um estepe temporário, que permite rodar com o carro a até 80 km/h.

Caso se necessite de mais espaço, o Tracker permite que encostos dos bancos traseiros sejam rebatidos um terço ou dois terços, atingindo um volume máximo de 1.278 litros.

Segurança

O Chevrolet Tracker adota a plataforma do Onix que, no teste do Latin NCAP, obteve 10 estrelas (5 para passageiros adultos e 5 para crianças) e ainda o Advanced Award conferido aos modelos que protegem o pedestre em caso de colisão.

Mas o Tracker em si não foi testado em função da pandemia. De qualquer forma, dispondo dos mesmos recursos de segurança ativa e passiva, é provável que repita o excelente resultado de Onix .

Em termos de itens de segurança, o Tracker traz de série controle controle de estabilidade (ESP), seis airbags, ABS com EBD, controle de tração e âncoras Isofix. Isso em todas as versões. Este modelo Premier, topo de gama, conta ainda com alerta de ponto cego, alarme de risco de colisão, frenagem autônoma de emergência e indicador de pressão dos pneus.

O ponto negativo é o sistema de freios, que, na traseira, conta com sistema a tambor, e não a disco, como existia no Tracker mexicano.

Mecânica

O motor do Tracker é o 1.0 Turbo Flex do Onix, com 116 cv (G/E) @ 5.500 RPM e torque máximo de 16,8 kgfm (E) e 16,3 Kgfm (G), sempre a 2.000 RPM.

Em relação ao Tracker 1.2 Turbo que testamos anteriormente, o torque é 25% menor, mas esse modelo 1.0 Turbo continua ágil e responsivo para uma condução convencional. 

O motor está bem harmonizado com a transmissão automática de seis marchas, de engates suaves e funcionamento silencioso. Não existem seletores de trocas de marcha no volante, e não faz falta, já que a ampla disponibilidade de torque em qualquer regime torna esse Tracker muito "leve" de acelerador, ágil e responsivo.

Comportamento dinâmico

A posição muito elevada de condução não convida a tocadas esportivas. Este é um típico SUV que deixa o motorista "dono da situação" ao permitir observar por cima dos demais carros no trânsito. A direção é leve em cidade, e o ajuste de suspensão é tipicamente americano, ou seja, priorização total para o conforto, com foco em uso familiar.

A suspensão filtra muito bem as imperfeições do piso, e os 15,7 cm de altura livro do solo, apesar de relativamente reduzidos para um SUV, permite trânsito em pisos de baixa qualidade, valetas e lombadas sem raspar. Deve-se, porém, tomar cuidado com o spoiler dianteiro um pouco baixo.

O motor 1.0L é satisfatório. Segundo dados da GM, acelera de 0 a 100 km/h em 10,5 segundos, e atinge velocidade máxima de 177 km/h. O consumo, segundo o INMETRO, é de 13 Km/l de gasolina em cidade, chegando a 14,8 km/l em estrada. Com etanol cai para 9 km/l em cidade, e 10,4 km/l em estrada.

No nosso percurso urbano, com gasolina, em Brasília (DF), o computador de bordo marca 12,5 km/l de consumo médio. Na média, segundo dados do INMETRO, é mais econômico que seus principais concorrentes, conforme tabela comparativa abaixo.

Modelo	Consumo etanol		Consumo gasolina
	Cidade	Estrada	Cidade	Estrada	Comb.
Tracker 1.0 Turbo	9,0	10,4	13,0	14,8	13,8
Kicks 1.6 CVT	7,7	9,4	11,4	13,7	12,4
T-Cross 200 TSI AT	7,6	9,5	10,8	13,4	12,0
Tiggo 3X Turbo	7,8	8,5	11,2	12,2	11,7
Renegade 1.8 AT-6	6,9	8,6	10,0	12,0	10,9

Comparativo de Performance

Modelo	0 a 100 km/h		Velocidade máxima
	[segundos]		[Km/h]
T-Cross 200 TSI AT	10,4		184
Tracker 1.0 Turbo	10,5		177
Renegade 1.8 AT	11,1		182
Kicks 1.6 CVT	12		175
Tiggo 3X Turbo	14,2		-

O câmbio opera suave em "D" (Drive), e conta ainda com a posição "L", que mantém o câmbio em marchas mais baixas para situações de tração mais desafiadoras. Andando em estrada a 120 km/h, o motor opera a 2.000 rpm - tornando a cabine muito silenciosa.

Em estrada, a direção fica mais firme, aumentando a segurança e precisão. A suspensão macia e o centro de gravidade elevado, porém, não autorizam pegas esportivas. Este é um carro familiar, sem pretensões de performance em curvas.

Mas mesmo assim é um carro estável, e os freios operam bem (mesmo sem o disco traseiro) - o que é justificável pelo fato de que este Traker é cerca de 100 kg mais leve que o anterior.

Outro aspecto muito interessante são os sistemas de auxílio à condução. O auxiliar de ponto cego ajuda muito em transito fluído, informando sobre a existência de carros fora do campo de visão do motorista, e o alerta de colisão com frenagem autônoma garante que não haverá aquelas pequenas batidas de trânsito em cidade, já que o sistema opera automaticamente no caso de motorista distraídos.

Preço

Modelo			Preço
Caoa Chery Tiggo 3X Turbo Plus AT-9			R$94.990
Caoa Chery Tiggo 3X Turbo Pro AT-9			R$99.990
Chevrolet Tracker 1.0 Turbo AT			R$122.850
VW T-Cross 200 TSI Comfortline			R$129.290

Conclusão

O Chevrolet Tracker 1.0 Turbo Premier Flex é um competidor de peso no segmento de compactos. Os pontos altos são mecânica e recursos completos de segurança. O design agrada, e o interior destaca-se pela central multimídia completa, com conectividade sem fio para Android Auto e Apple CarPlay.

O motor 1.0 Turbo é adequado, de modo que consideramos desnecessário o gasto adicional para o motor 1.2 Turbo, a não ser que o consumidor queira mesmo teto-solar - item exclusivo do modelo Premier 1.2 Turbo.