Ford Focus 2019 2.0 Powershift: fotos, preço, consumo e avaliação

O Ford Focus deixou de ser produzido no Mercusul, na Argentina, em maio de 2019, de modo que modelos ano-modelo 2019 são os últimos no mercado brasileiro. Neste artigo reportamos nossas impressões com um Focus 2.0 Powershift 2019, SE Plus, com cerca de 20.000 quilômetros rodados.

Os últimos Ford Focus vendidos no Brasil contam com a restilização aplicada ao modelo em 2016 - uma reestilização de meio de ciclo de vida que modernizou o modelo lançado em 2014 no Mercosul. Houve importante renovação estética e tecnológica.

O Focus ganhou então uma nova dianteira, com um novo capô, faróis bi xênon com LEDs diurnos e uma grade hexagonal - preta na versão SE, e cromada na topo de gama, Titanium.

Na traseira destacam-se o porta-malas, o vidro traseiro, os para-choques e a lanterna menor e elegantes.

Na lateral rodas de 17 polegadas com desenho elegante.

O interior do Focus SE Plus 2019 manteve o mesmo painel dos anteriores, mas recebeu um volante atualizado, com seletores de trocas de marchas sequenciais no volante.

O ar condicionado nesta configuração é digital e automático, e há uma moderna central multimídia SYNC3 compatível com Apple CarPlay e Android Auto, por conexão a cabo.

O revestimento dos bancos em couro sintético, assim como o volante.

Em geral, a qualidade dos materiais é correta, embora não seja um ponto em que o Focus se destaque especialmente contra a concorrência. Fica devendo para concorrentes como o Golf Mk7 porta-objetos revestidos.

O Focus SE adota materiais macios injetados no painel, mas é limitado a plásticos rígidos em quase todas as portas de proteção contra chuva, para citar um ponto com espaço para melhorias.

A posição de condução é um destaque, nesta versão SE com um assento com ajustes, bom apoio lateral e com ajuste lombar manual. A visibilidade através do vidro traseiro é correta e ajuda a que os encostos de cabeça traseiros fiquem quase alinhados com a borda do encosto quando não estiverem em uso.

O Focus é um hatch médio longo, com 4,42 metros de comprimento (15 cm maior que o Golf), largo (1,82 metros). E tem 1,42 metros de altura - proporções esportivas. O entre eixos pé similar ao do Golf, com 2,65 metros.

Mas internamente o Focus oferta muito menos espaço. O porta-malas de 316 litros é similar ao do Polo, e o espaço na dianteira e traseira, para passageiros, é menos disponível que no Golf.

O ponto crítico do Focus é a largura traseira e a capacidade do porta-malas. Os bancos traseiros são justos, tanto em espaço para as pernas como em altura para a cabeça; e o quinto lugar, extremamente incômodo.

Comparado com seus rivais, neste aspecto é o mais limitado. Por sua vez, o porta-malas oferece apenas 316 litros, menos que todos os seus concorrentes do segmento (Peugeot 308, 430 litros; Chevrolet Cruze, 413 litros; Volkswagen Golf, 380 litros). Obviamente, a capacidade de carga pode ser aumentada dobrando os encostos dos bancos traseiros na proporção de 40/60.

Comportamento dinâmico

O Focus SE adota um motor Duratec Flex de 170 cv com injeção direta, que entrega 178 cv com etanol, e 175 cv com gasolina. O torque é de 22,5 Kgfm com álcool @ 4.500 RPM, e de 21,5 Kgfm com gasolina, na mesma rotação.

Esse motor está associado a uma má afamada transmissão automática de dupla embreagem Powershift, de embreagem seca, e 6 marchas. Essa transmissão ficou marcada como problemática desde que chegou ao mercado em 2014, nos modelos Ford.

Entretanto, ao longo dos anos a Ford foi aperfeiçoando o câmbio, corrigindo problemas, e não se notam reclamações de consumidores em modelos com essas transmissão fabricados após 2018.

Mas a fama fica, tanto que a Ford até retirou o termo "Powershift" da denominação do carro, e trocou o câmbio nos Focus vendidos nos EUA por uma caixa automática convencional de 8 marchas. No Brasil, como havia claramente a tendência de tirar o Focus de linha, a caixa foi mantida, mas em modelos como o EcoSport e Ka adotaram uma caixa automática de conversor de torque de 6 marchas.

O modelo do teste é um 2.0 com o mal falada transmissão, está com mais de 20.000 quilômetros rodados, e continua funcionando bem, sem as trepidações que são associadas a essa transmissão.

O câmbio, porém, tem um ajuste peculiar. Ao sair da imobilidade, o gerenciamento do câmbio mantém o motor em rotações elevadas - o que pode ser uma forma de exigir menos das embreagens, sobretudo nas saídas de imobilidade.

O lado positivo é que como o carro tem fama de problemático, ele é desvalorizado no mercado de usados. Um modelo como esse das imagens tem precificação em torno de R$ 60 mil reais - um valor similar ao de um Golf de 2015.

O Focus 2.0 DCT-6 tem excelente resposta em baixa rotação, o que o faz ganhar velocidade em qualquer marcha. A sua caixa Powershift é caracterizada por relações longas, e graças aos seletores ao volante, torna-se divertida de manobrar.

Segundo dados oficiais, o Focus SE 2.0 Powershift acelera de 0 a 100 km/h em 9,2 segundos, e atinge uma velocidade máxima de 206 km/h. O consumo, segundo o INMETRO, é de 6,7 km/l de etanol em cidade, e 9,2 km/l em estrada.

Com gasolina, melhora para 9,7 km/l em cidade, e 13,2 km/l em estrada.

Em nosso percurso, em Brasília (DF), sempre com o ar-condicionado ligado, e com no mínimo 2 pessoas a bordo, ele faz média de 8 km/l de etanol. Com gasolina registra média de 10,9 km/l.

O comportamento dinâmico do Focus é excelente. É um carro que transmite muita segurança e equilíbrio nas manobras na estrada e na cidade. O modelo traz suspensão traseira multi-link, o que proporciona maior conforto em relação a qualquer rival.

Esse esquema de suspensão traseira independente oferece maior estabilidade e suporte nas curvas. E também pelo Curve Torque Control (TVC), um sistema eletrônico que ajusta a velocidade de giro de cada roda dianteira, reduzindo a tendência de subviragem (nariz à frente) e aumentando a tração na fase de aceleração nas curvas. Obviamente, o pneu de baixo perfil (50) desta versão de Titanium também contribui.

Além disso este Focus 2019 conta com controle de estabilidade (ESP) que atua de forma preditiva. Isso significa que ele entra em ação antes que o veículo derrape ou se desvie do caminho desejado pelo motorista. Por meio de sensores, o sistema atua 200 milissegundos antes do normal, o suficiente para intervir antes de um ESP convencional.

Enfim, ainda é um carro com isolamento acústico impecável: por dentro você mal percebe o que acontece lá fora. E na cidade, o conforto de condução é melhor do que o esperado, considerando o perfil baixo da roda já mencionado. Por sua vez, a direção elétrica facilita as manobras mais apertadas no trânsito urbano. Deve-se ter cuidado na folga frontal, pois pode ralar com certa facilidade em valas íngremes. O submotor está igualmente bem protegido com um material plástico que parece resistente.

Menção especial merece o nível de segurança que equipa o Focus 2019. Esta versão conta com 6 airbags, (com distribuição de frenagem e assistência de emergência), âncoras Isofix, controle de estabilidade e de tração, além do auxiliar de partida em rampa.

Conclusão

O Focus Hatchback SE 2019 2.0 Powershift é um hatch médio com estética ainda atulizada, com desempenho dinâmico, bons recursos de segurança, conectividade atualziada e ótima posição de condução.

Fica devendo em habitabilidade traseira e capacidade do porta-malas. A transmissão Powershift tem má fama, mas este modelo com 20.000 km apresenta funcionamento impecável até o momento.