VW T-Cross 200 TSI Automático: SUV agrada [também] quem gosta de hatch médio

Você é daqueles entusiastas de automóveis que aprecia hatchs médios, e é aficionado pelo Golf? Você está preocupado com essa onda da SUV´s que pegou até mesmo a Volkswagen? Você acha que SUV são carros de péssimo comportamento dinâmico, instáveis e ruins de guiar? Está preocupado que não terá opção ao seu Golf ou Focus? Temos uma notícia: o T-Cross é um SUV com um comportamento de hatch médio, e se você - como nós - aprecia o Golf, você vai gostar - e muito - dele.

Nós ficamos com um T-Cross 1.0 TSI Automático por uma semana, e de todos os carros que já avaliamos em Brasília (DF), o novo SUV da Volkswagen foi o único que nos fez muito tristes de ter que devolvê-lo, e o primeiro carro que parece ser um substituto a altura do VW Golf - e com vantagens, pois além de muito agradável de ser conduzido, ele é um crossover/SUV competente, tão ou mais competente nesse aspecto que os seus concorrentes.

A Volkswagen demorou a entrar no segmento, mas a demora valeu a pena. Depois de andar no T-Cross, você vai deixar de lamentar o fim de linha dos Golf 1.0 TSI e 1.4 TSI no Brasil. O Golf tem um acabamento interno melhor, com algumas frescuradas a mais, mas no conjunto da obra, o T-Cross é um sucessor competente para as versões "civis" do Golf, principalmente porque ele é tão ou mais gostoso de dirigir que o icônico hatch médio alemão.

Esse modelo que testamos é o T-Cross automático de acesso, de R$ 94.500 reais, equipado com o pacote de opcionais que agrega sensor de estacionamento dianteiro e câmera de ré, além do rebatimento automático dos retrovisores. Isso se soma aos seis airbags, sensores traseiros, piloto automático, volante em couro, entre outros, que fazem deste SUV, mesmo no modelo de acesso, ser "completo" de fato, sem que se sinta falta de nada.

Mas o que agrada mesmo no T-Cross é o fato de ele ser um SUV - talvez o único entre os compactos - feito para agradar o piloto. Com ele você está na moda dos SUV´s, sem ter que abrir mão do prazer que antes só os hatchs médios proporcionavam. A distância ao solo é de um SUV - 19,1 cm - e vai te deixar tranquilo em trilhas, lombadas, crateras e valetas.

Mas, sobretudo no asfalto, em curvas de qualquer raio, este SUV tem uma dinâmica inigualável. Primeiro porque o banco do motorista permite que você dirija bem baixo, em posição esportiva (mas a amplitude de ajuste é tão grande, que, caso você deseje, pode andar muito alto também, tipicamente um SUV).

Associe-se a isso uma suspensão que é bem mais confortável que a do Golf (no sentido de maciez), mas tão competente quanto ele ao encarar curvas. A carroceria não tomba, e o T-Cross engole sequencias de curvas com a desenvoltura de um competente hatch médio. Quando você percebe isso, um sorriso se forma no seu rosto, e você percebe que os engenheiros fizeram este SUV para agradar não só quem gosta de SUV, mas, sobretudo, para seduzir quem ainda não se rendeu.

Mesmo tão competente em curvas, quando você encara um piso esburacado ou uma trilha off-road, a suspensão filtra tudo, não chega nunca ao fim de curso, e isola a cabine dos solavancos com uma competência impressionante, e que, neste aspecto, se mostra muito superior ao comportamento do Golf (o hatch sofre em vias ruins)

O T-Cross é cheio de assistentes eletrônicos: ESP, ASR, Hill Assiste e diferecial XDS, que entram em ação quando este carro, que em geral é plantado no chão, é abusado pelo motorista. A direção é precisa, direta e esportiva, e traz muito feedback ao motorista. Sim, ele é muito, muito gostoso de guiar.

Esportivo com motor 1.0?

Você pode perguntar: 1.0 de três cilindros em um carro desse tamanho? Esse é o milagre da tecnologia. É um 1.0 turbinado, diretamente injetado, com duplo comando e variadores de fase nos comandos, que despeja 128 cv e 20,5 Kgfm de torque (quase 1 Kgfm a mais que o Compass 2.0 Flex - que pesa bem mais). E essa maravilha da engenharia está associado com a distintivamente melhor transmissão automática de seis marchas do mundo, o AISIN.

Os números (0 a 100 km/h em 10,5 segundo) vão mostrar que ele é mais rápido e ágil que qualquer concorrente. E é mesmo. Não há comparação com os concorrentes aspirados. O T-Cross acelera bem mais, retoma bem mais. E faz tudo isso de forma suave, silenciosa e sem trancos - o câmbio parece que não existe, de tão macio que é seu funcionamento. O consumo, mesmo sendo conduzido "sem dó", ficou em 9,5 km/l de etanol em cidade, e em 12,5 Km/l de gasolina, em cidade.

Se você quiser ainda mais esportividade pode optar pelo modo Sport da transmissão. Ou pela versão imediatamente acima, o Comfortline 200 TSI, que agrega ainda o seletor de modos de condução. E mesmo sendo conduzido esportivamente, o SUV segue silencioso, confortável e macio.

A cabine agrada muito pela abundância de espaço interno, pelo bom acabamento, silêncio e sensação percebida de qualidade. A alavanca de câmbio é nova na gama Volkswagen, e contém indicador de marcha na manopla. Faz falta os "pqp" no teto. Alguns mais exigentes apontam o dedo acusador para o freio de mão manual e o painel sem revestimento macio.

O freio de mão eletrônico é irrelevante em carros automáticos, e o revestimento macio no painel não está presente nem no Toyota Hilux SW4 de R$ 260 mil reais (que também tem painel de plástico rígido), e nem em seus concorrentes diretos, como Honda HR-V, Hyundai Creta e Nissan Kicks.

O porta-malas varia entre 373 litros com os bancos traseiros na posição normal, e chega a 420 litros com ajuste na inclinação dos bancos traseiro - que mesmo assim se mantém confortáveis.

Conclusão

Finalmente temos no Brasil um SUV para quem prioriza o máximo prazer de dirigir. O T-Cross certamente seduzirá muitos compradores de Golf (como alguns editores deste blog), mas vai agradar muito os apreciadores de SUV´s, pois ele tem tudo o que os demais SUV´s têm, e um algo a mais, que só um SUV com DNS alemão pode oferecer: é tão ou mais divertido de guiar que um hatch médio.

Vídeo - T-Cross 200 TSI Automático - avaliação on/off-road - custo x benefício