Volkswagen e Ford anunciam parceria em picapes e vans

A Volkswagen e a Ford anunciaram uma amplamente antecipada aliança global para reduzir custos e melhor enfrentar a revolução tecnológica que se pronuncia na indústria automotiva nos próximos anos com eletrificação e carros autônomos.

A primeira etapa dessa colaboração envolve desenvolvimento de vans comerciais e caminhonetes de médio porte. A Ford vai projetar e construir picapes médias sucessoras da Amarok e da Ranger, que devem chegar ao mercado já em 2022. Para ambas as marcas, a Ford pretende projetar e construir vans comerciais maiores para os consumidores europeus, enquanto a Volkswagen vai desenvolver e construir uma van urbana.

O acordo foi anunciado pelos principais executivos das duas marcas, CEO da Volkswagen, Dr. Herbert Diess, e o CEO da Ford, Jim Hackett. É importante considerar, porém, que além dos custos de desenvolvimento de novas tecnologias, há um cenário de desaceleração de vendas nos próximos anos nos principais mercados, EUA, Europa e China, que a indústria terá que lidar.

A aliança foi anunciada logo após a Ford divulgar, na semana passada, que irá cortar milhares de empregos na Europa e fechar fábricas. Suas vendas na Europa caíram 2,3% nos primeiros 11 meses do ano passado, e a marca perde dinheiro na Europa há mais de dez anos.

No caso da Ford, há um complicador adicional: como suas operações europeias estão concentradas na Inglaterra, o Brexit a afetou de forma significativa. Entretanto, o CEO negou que a Ford planeja uma solução com a General Motors fez em 2017, que saiu completamente do mercado europeu, quando vendeu a Opel e Vauxhall para o grupo PSA, proprietários da Peugeot e da Citroën.

Hackett afirmou à imprensa europeia: "Achamos que há um projeto para o futuro que nos permite estar na Europa com produtos da marca Ford. Mas precisamos colocar o sistema industrial na construção certa para isso". Isso sugere que a Volkswagen poderia fabricar carros da marca Ford na Europa.

As ações as duas empresas subiram nesta semana com o anúncio. Entretanto, na terça feita as ações da Ford caíram 1,67%, enquanto a Volkswagen ficou estável. A leitura de analistas do Morgan Stanley é que a Ford tem sua principal fonte de valor de mercado ns picapes F-Series nos EUA, que estão fora do acordo com a Volkswagen. E que o principal problema da marca do oval é a Europa, onde a Volkswagen é amplamente dominante e opera com excesso de capacidade. O banco americano acrescentou que "é improvável que a Volkswagen colabore em algo significativo com qualquer OEM que não possa controlar substancialmente”.

Por outro lado, Arndt Ellinghorst, analista da britânica Evercore ISI, apontou ao Financial Times as sinergias: "A VW é dominante na Europa e na China, assim como em Veículos elétricos; A Ford é forte na América do Norte e veículos comerciais, e tem seu próprio programa de carro autônomo", de modo que a união “só pode ser vista como um passo a direção certa ”, acrescentando que o acordo foi “projetado para oferecer muito mais escala em produtos. Isso beneficiará ambas as empresas”.

Por fim, o CEO da VW, Diess, acrescentou que a aliança Ford-VW não deve ser vista como outra Nissan-Renault, pois os dois grupos não detém participações acionárias no outro, e tampouco indicam membros da diretoria.