A Chevrolet, líder de mercado, ameça sair do Brasil

O presidente da GM do Brasil, o argentino Carlos Zarlenga, encaminhou um e-mail aos funcionários da empresa na semana passada alertando que a subsidiária brasileira precisa voltar a dar lucro. Segundo o jornal "O Estado de São Paulo", o e-mail foi entendido como um alerta de que a marca pode sair do Brasil.

Segundo Zarlenga, a operação da América do Sul teve "prejuízo significativo entre 2016 e 2018", e que 2019 será decisivo para a operação nacional.

Não se pode tomar as palavras de Mary Barra como um blefe, pois a executiva já tomou uma decisão muito mais drástica que fechar a operação da América do Sul. Durante sua gestão, a GM fechou a operação da Chevrolet na Europa, e vendeu as subsidiárias Opel/Vauxhall para o grupo francês PSA. 

Há diferenças, é claro, pois a Chevrolet na Europa tinha uma participação marginal de mercado, enquanto a Opel/Vaxuhall não tinham posição de dominância, e vinham perdendo dinheiro há mais de uma década. No Brasil a Chevrolet é líder de vendas, e tem o carro mais vendido do Brasil há quatro anos.

Nesse contexto, a "ameaça" do executivo da GM pode ser uma tentativa de acelerar a obtenção de benefícios junto aos governos, para melhorar a lucratividade da empresa. O próprio jornal "O Estado de São Paulo" publica hoje que o governo paulista estuda "alternativas para evitar que a GM saia do Brasil, mas que muitas medidas dependem do CONFAZ, que só volta a se reunir em abril. 

Como depende do CONFAZ, infere-se que deve estar em curso medidas de redução do ICMS, já que esse órgão cuida desse imposto. 

O portal Auto Data, por sua vez, publica hoje que Mary Barra vem ao Brasil em breve para uma reunião com o presidente Jair Bolsonaro, para informar que se o Brasil não ajudar a GM, a operação brasileira cairá nas mãos dos chineses

A mesma agência cita fontes que consideram "estranho" o e-mail de Zarlenga em um momento que a GM do Brasil se prepara para o lançamento de uma nova família de produtos, e depois de ter passado por um enxugamento enorme com a criação da GM Mercosul, que eliminou muitos postos duplicados.

Entretanto, os concessionários sabem das dificuldades da marca, sendo que um deles disse à Auto Data que "a rede está morrendo aos  poucos, com faturamento reduzido à metade nos últimos anos". 

A mesma fonte cita o fato de que 48% das vendas da GM em 2018 foram por meio de vendas diretas, que não passam pelos concessionários, e, portanto, leva a uma queda brutal no faturamento das concessionárias. E que isso [vendas diretas] tem "muita responsabilidade nesse quadro de decadência".

Conclusão

A ameça da GM de sair do Brasil é séria e preocupante, já que a empresa já saiu de um mercado bem mais importante, que é o europeu. De qualquer forma, espera-se que as negociações em curso com o governo paulista e também fornecedores e empregados, além de medidas federais, ajudem a GM do Brasil a se tornar competitiva e lucrativa novamente.