Salão de Pequim mostra sedãs ainda preferidos na China

O Salão do Automóvel de Pequim (China) começa esta semana evidenciando um aspecto nesse mercado: o apreço dos consumidores pelos sedãs - um traço da cultura automotiva chinesa em parte moldado por um dos modelos mais populares da indústria brasileira, o VW Santana.

A Volkswagen opera na China há 35 anos, tendo sido um dos primeiros fabricantes de automóveis a se instalar no gigante asiático.

Em abril de 1983 saiu da linha de produção, em Xangai, seu primeiro veículo fabricado localmente - o Santana - um modelo baseado no mesmo carro feito no Brasil a partir de 1984. Essa Santana ficou em produção na China até 2012, e teve papel fundamental na construção da reputação da marca na China, e na preferência dos consumidores pelos sedãs.

O sucesso do VW Santana na China foi de tal ordem, que encorajou a montadora a lançar uma multiplicidade de variações, todas baseadas na mesma plataforma com motor e transmissão longitudinal, mas com estética diferenciada e cada vez mais sofisticados.

O VW Santana sofreu uma grande reformulação no Brasil em 1991. Essa essa geração foi lançada também na China, como "Santana 2000".

Posteriormente vieram versões alongadas, como o Santana 3000, e até mesmo uma versão de alto luxo, conhecida como Santana Vista, com motor 1.8, transmissão automática, ar-condicionado digital e teto solar.

Em 2012 chegou ao fim a produção dessa primeira geração do Santana na China, mas, pouco depois, a montadora lançou o "New Santana" - um sedã baseado na plataforma PQ. Chegou-se cogitar que seria lançado no Brasil - o que não ocorreu, pois o plano para o Brasil era o VW Virtus.

Hoje, a China é o maior mercado de automóveis do mundo e a Volkswagen é líder. Um dos modelos mais populares da marca chama-se Lavida e ainda possui a forma de carroceria do Santana. É modelo mais vendido da marca e registrou vendas de 450.000 unidades em 2017.

No total, cerca de 24 milhões de carros foram vendidos na China em 2017. Isso é mais que o dobro de alguns anos atrás. Desses, 3,2 milhões foram da marca Volkswagen - o que representa 13% de market share - mais que o dobro do segundo colocado.

Tradicionalmente, a Volkswagen é forte no segmento de sedãs na China. Carros como Santana e Jetta são para os chineses o que os hatchs compactos representam para o Brasil: o primeiro carro da vida das pessoas.

SUV´s avançam

Apesar de os sedãs ainda serem o principal segmento de mercado na China, os SUV´s estão avançando. A nova geração do Touareg - SUV topo de Volkswagen - teve a primazia de ser apresentado na China.

Entretanto, apesar do avanço dos SUV´s, os sedãs continuam a ser os preferidos do consumidor chines, pois oferecem bom espaço e um passeio confortável. Outra característica do mercado de sedãs na China são as versões alongadas - modelos comprados por consumidores que se sentam na parte de trás e deixam o motorista dirigir. Portanto, o assento mais importante desses carros é o traseiro - projetado com base nessa premissa.

Esteticamente, os consumidores chineses gostam também de elementos cromados brilhantes no carro e a cor preferida é o vermelha. São elementos que sinalizam felicidade e prosperidade.

No Beijing Auto Show, que começa dia 25, a aposta nos sedãs continua. A VW mostrará o Novo Lavida, e o conceito autônomo e elétrico ID VIZZION.

Esse modelo deve despertar grande interesse do público chinês em função da elevada carga de tecnologia embarcada.