Chery Celer 2015 Flex: problemas com menos de 1.500 Km

O Chery Celer Hatch 2015 Flex objeto do nosso teste de longa duração já se aproxima de 1.500 Km rodados, com consumo médio de gasolina de 9,95 Km/l, e apresentando o problema de não abertura da tampa do porta-malas.

Em relação à abertura do porta-malas, nós constatamos o problema, mas depois o porta-malas voltou a operar normalmente, o que nos levou a acreditar que estávamos errando no uso do tele-comando da chave, e então publicamos até um vídeo e um "post" sobre essa suposta "Errata".

Ocorre que agora nós constatamos que, de fato, há sim problema com a abertura do porta-malas, e mostramos isso no vídeo abaixo, junto com outras considerações sobre o carro.



Consumo de 2.0; desempenho e carro 1.0

EM relação ao consumo, o Celer 1.5 Flex registrou média de 9,95 Km/l de gasolina, em percurso urbano, usando o ar-condicionado 100% do tempo e sem preocupações de condução econômica. Consideramos o consumo elevado, no nível do Golf 2.0 Automático TipTronic que testamos em longa duração (veja aqui), que usa um motor 2.0 8V de concepção antiga e uma transmissão automática de seis marchas com conversor de torque.

Além disso, o Golf tem um desempenho bastante superior a esse Celer 1.5 MT Flex, evidenciando que os chineses ainda precisam evoluir muito em termos de eficiência do powertrain.

Esse número de consumo do Celer fica ainda pior se levarmos em consideração que esse carro não tem desempenho de motor 1.5. Pelo menos nesta etapa inicial do teste, o Celer mostra um comportamento em cidade similar a um carro 1.0 moderno, como o Ka SE 1.0 que testamos em longa duração (veja aqui), ou mesmo o Up! 1.0 MPI que também testamos (veja aqui).

Essa fraca performance do motor 1.5 do Celer nos leva a suspeitar se esse motor tem mesmo os 108 cavalos divulgados, pois, mesmo levando em consideração os 1.200 Kg, o desempenho está bem aquém do que se espera de um motor 1.5.

Aspectos negativos

Além do consumo elevado e desempenho fraco, temos algumas outras observações a fazer sobre o hatch chinês. São elas:

• Motor / transmissão sem suavidade em saída de imobilidade. Frequentemente trepida, tanto em primeira quanto ré;
• Não tem iluminação para a porta USB, o que dificulta seu acesso à noite, pois ela está posicionada na parte mais baixa do console;
• Essa porta USB não lê arquivos de áudio de iPhone e nem de Android. E como não há conexão Bluetooth, não há como fazer streaming de áudio (tocar músicas armazenadas no smartphone no sistema de som do carro). Em resumo, essa porta USB só serve para ler arquivos de música em um pen-drive;
• A direção pouco comunicativa. É leve, mas transmite pouca informação do que acontece na pista;
• Saídas de ar centrais jogam o ar na cara do motorista, e não aceitam ajustes para jogar o ar para cima;
• Para-brisa muito inclinado deixa entrar muito sol no peito do motorista. Incomoda muito, e o ar-condicionado demora muito a gelar nessas situações;
• As saídas de ar laterais, apesar de enormes, soltam pouco ar;
• Ergonomia dos pedais é falha. A embreagem tem curso muito mais longo que o acelerador, o que impede deixar o banco ajustado corretamente. Se se ajusta para a perna direita ficar adequada no acelerador, a esquerda terá que ser totalmente esticada para acionar a embreagem. E ao se colocar o banco ajustado para a embreagem (para evitar ter que esticar a perna), o banco fica muito para frente;
• O encosto do banco do motorista tem uma almofada central incômoda em longas viagens;
• Ruído interno excessivo, não de peças soltas (não observamo isso até o momento), mas denuncia que há falta de revestimento fono-absorvente, pois o carro faz muito barulho;
• O comportamento dinâmico é muito genérico: suspensão macia, direção macia, mas sem assinatura de condução;

Aspectos positivos

Uma coisa que sempre precisa ser considerada quando se trata do Celer, é que nós pagamos R$ 32,900 reais nesse carro - um valor bastante competitivo para um veículo que é 20 cm maior que o Gol/HB20, e tem um ótimo porta-malas de 380 litros - do mesmo volume de um Golf.

Ademais, nesse valor o carro vem com os itens básicos de conforto: ar-condicionado, direção hidráulica, sistema de som, vidros elétricos nas quatro portas, retrovisores elétricos, quatro apoios de cabeça, ganchos ISOFIX.

Assim, algo que ainda iremos responder ao longo do teste é se vale a pena adquirir um carro chinês, com bom preço e uma boa lista de itens de série, mas que, no geral, é um carro que falta ainda muito refinamento em termos de projeto e de ajustes, e tem um powertrain pouco eficiente (desempenho fraco e consumo relativamente elevado).

É importante considerar, porém, que a carroceria nessa avaliação inicial parece bem alinhada e o acabamento interno, por enquanto, está íntegro, mas faltam ajustes de funcionamento dos sistemas de ventilação, e melhorias de projeto, como o para-brisa melhor posicionado para evitar insolação e melhor comportamento dinâmico.

Outro ponto que merece destaque é a estabilidade direcional e de curvas do carro, que, mesmo com sua suspensão macia e o comportamento dinâmico "genérico", ele é neutro e estável, com limite de aderência bastante elevado.

E, até mesmo em chuva (vídeo acima), ele se mostra na mão, transmitindo segurança.

O que falta

O Celer poderia ficar mais atrativo se estivesse disponível com uma transmissão CVT, ou, quem sabe, com o powertrain do Tiggo Automático: o motor 2.0 associado ao câmbio automático de quatro marchas.

Conclusão

Em que pese o desempenho fraco, o consumo elevado, e o incômodo com a abertura do porta-malas, o Chery Celer, por enquanto, vai se mostrando um modelo de bom custo x benefício, pois, apesar das falhas apontadas, seu preço é bastante competitivo.