Volkswagen terá primeiro prejuízo trimestral em 15 anos

O Grupo Volkswagen apresentará, amanhã, seus resultados financeiros relativos ao terceiro trimestre de 2015, registrando o primeiro prejuízo do conglomerado em mais de 15 anos.

Segundo a média de dez estimativas de analistas de mercado aferida pela agência Reuters, o Grupo Volkswagen deve registrar perda operacional de US$ 3,60 bilhões - recuo significativo em relação aos ganhos de US$ 3,2 bilhões de um ano atrás.

Durante a apresentação dos resultados, um aspecto do novo estilo de comando da empresa será mostrado: o atual CEO, Matthias Mueller, irá responder diretamente os questionamentos dos analistas de mercado - tarefa que seu predecessor, Martin Winterkorn, deixava a cargo de seu diretor financeiro.

O resultado negativo já é resultado da adoção de reservas operacionais para fazer frente aos custos com o recall de motores diesel EA 189 no mundo. A empresa já fez uma reserva de 6,5 bilhões de euros para o terceiro trimestre, mas já admitiu que os custos serão maiores.

Recuperação do escândalo

O novo CEO da Volkswagen prepara uma mudança na estrutura de gerenciamento da empresa, tornado-a mais enxuta e com menos centralização de decisões, com ampliação da autonomia das operações regionais. Com isso, tende a evitar atrasos em decisões de melhoria de eficiência e de corte de custos.

Segundo analistas de mercado, a Volkswagen poderá estar completamente recuperada dos efeitos do escândalo em dois ou três anos no máximo, caso tome as decisões corretas agora.

Elevada liquidez de caixa

A Volkswagen desfruta de um invejável saldo patrimonial - algo que pode compensar em parte os custos com o recall dos motores diesel. A empresa tinha no final de julho uma disponibilidade de caixa de 21,5 bilhões de Euros em cash. E detém ainda 10,9 bilhões de euros em títulos e valores mobiliários de alta liquidez, que a empresa poderia vender se necessário.

Além disso, as finanças da Volkswagen serão reforças com o ingresso de recursos advindos da venda de participação na Suzuki Motor, por cerca de 3,4 bilhões de euros. E poderá contar também com recursos adicionais de venda de 50% de participação na LeasePlan Corp. - empresa de gestão de frota - transação avaliada em mais 3,7 bilhões de euros. Esse negócio não foi fechado, então o ganho será registrado no balanço da VW mais tarde.