O presidente mundial da Fiat Chrysler, Sergio Marchionne, vem falando nos últimos meses sobre uma fusão de sua empresa com gigantes como General Motors ou Ford (ambas já se manifestaram que não têm interesse em consolidações). Observadores da indústria automotiva global estão vendo as declarações do executivo como sinal de pânico.


As vendas da Fiat Chrysler vem crescendo rapidamente nos EUA, e sua participação de mercado está aumentando, mas para conseguir isso a empresa está turbinando os descontos em muitos modelos, e vendendo sedãs e compactos impopulares para locadoras e frotistas. Isso reduz as marcas de lucro, o que significa que Marchionne terá menos dinheiro para desenvolver a nova geração de veículos e tecnologias por sua própria conta.

"O que está deixando Sergio em pânico é que as vendas estão aumentando enquanto as margens de lucro estão caindo", diz Maryann Keller, um consultor independente de Connecticut. “Ele deveria estar fazendo pilhas de dinheiro agora".

Marchionne disseminou a ideia no ano passado de criar um novo player global gigante do setor automotivo. Ele reclama de elevados custos de desenvolvimento de novos carros, e recentemente disse que a fraca lucratividade da indústria indica necessidade de fusão entre empresas (consolidação).

Acordo com Apple ou Google

Se a GM, Ford ou outros fabricantes automotivos não querem se fundir com a FCA, Marchionne disse a analistas que ele não descartaria um acordo com gigantes da tecnologia, como Google ou Apple (veja detalhes aqui).

Margens de lucro pequenas

Os outros fabricantes de automóveis não estão tão aflitos para uma fusão com outra empresa. Isso se deve porque a Fiat-Chrysler precisa mais de uma consolidação que as outras. Apesar de os lucros da FCA terem subido 22% no primeiro trimestre, eles ainda estão muito atrás de seus competidores. A Ford lucrou US$924 milhões em uma receita de US$ $31 bilhões, GM lucrou US$ 900 milhões em uma receita de US$ $35.7 bilhões. A Fiat Chrysler ganhou US$ 92 milhões em uma receita de US$ 26,4 bilhões.

As margens de lucro da Fiat Chrysler foram de 3,3% em 2014, enquanto a GM registrou 4,9%. Na Europa a FCA perdeu US$131 milhões. Isso é menos que em 2013, mas ainda é um prejuízo que afeta muito negativamente a FCA, que é a mais endividada do setor automotivo. Ferrari e Maserati são lucrativas, mas Marchionne as está vendendo para fazer dinheiro.


Isso deixa a divisão norte-americana da FCA, que gerou mais da metade do lucro do ano passado, como o sustentáculo da empresa em âmbito global. Assim, fica difícil de ver como Marchionne pode fazer da FCA USA, antes conhecida como Chrysler, um player global competitivo.

Descontos

No primeiro trimestre a FCA deu um desconto médio de US$ 3.300 dólares nos EUA - que é o maior nível de desconto de toda a indústria. A marca Fiat teve quase que dobrar os descontos em um ano. GM e Ford estão reduzindo seus descontos. Como resultado, a FCA gasta em média US$ 200 dólares a mais em descontos que a GM, e quase US$ 500 dólares a mais que a Ford. Se comparado com Toyota Motor e Honda Motor, o gap excede US$ 1.400 dólares por veículo.


A FCA também está oferecendo bônus em dinheiro para revendedores que consigam vender micos como a família Chrysler 200 e o Dodge Dart.

Vendas para frotistas - sinal de fraqueza

A estratégia de impulsionar vendas para locadoras e gerenciadoras de frota é outro sinal de fraqueza da empresa, já que esse tipo de transação envolve margens de lucro menores que a dos consumidores finais.

Depois de a FCA ter anunciado seus resultados esta semana, um analista da indústria afirmou em relatório para investidores que a FCA queimou US$ 1.1 bilhão de dólares de seu caixa no trimestre e terminou com um débito de US$ 9,2 bilhões - aumento de US$ 1 bilhão sobre o último trimestre de 2014.

Conclusão


Apesar de algumas fraquezas em seu mais importante mercado, a Fiat Chrysler não tem um problema muito sério. Marchionne conseguiu reerguer a Chrysler e a combinou com a Fiat para criar uma montadora global. Os novos Jeep Grand Cherokee e Cherokee estão ambos vendendo bem e agora respondem por 7% do mercado de SUVs nos EUA. A linha RAM, agora uma marca separada, está crescendo na onde de uma forte demanda por picapes nos EUA e se tornou uma grande geradora de caixa.

Entretanto, com seus lucros vindo de uma pequena quantidade de produtos, fica fácil entender porque Marchionne está procurando por um parceiro para ajudá-lo a financiar investimentos em novas tecnologias ou para aumentar a escala no segmento de carros, onde a empresa é fraca.

Fonte: Automotive News

8 Comentários

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  1. O maior mercado da FCA, Brasil, está em crise, em especial os modelos de entrada, onde a FCA (FIAT) vende. Na realidade, só vende nesse segmento. No Brasil, o de maior lucratividade está vendendo bem, mas a Fiat não tem nenhum modelo para oferecer. A crise deve persistir em 2016. Assim, a Fiat terá necessariamente dois anos ruins no Brasil e afetará o lucro global.

    Lançamento de novos modelos, somente o Jeep Renegade. Ou seja, nada para modificar a situação lamentável em que se encontra.

    Modelos defasados, mal feitos, pouca tecnologia embarcada, excesso de retoques nos modelos, tudo isso afugenta o consumidor. Eu já fui cliente Fiat, hoje nem olho para os modelos: Pálio, Idea, Uno, Bravo tudo farinha do mesmo saco.

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    1. Na realidade, não serão 02 anos ruins. Serão 04 anos, até a próxima eleição presidencial.

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  2. Resumindo a Fiat está trocando 6 por meia dúzia. Se continuar no ritmo atual, daqui a pouco vai gastar para trabalhar.

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  3. Falei lá no inicio...ia ser engolida pelo elefante chamada Chrysler...
    Pessoal vivia falando, Ah mas vende muito nos EUA, e no Brasil é lider, negocio deu certo vão brigar no top 35 com GM, VW e Toyota.
    America do Sul deu prejuizo nesse trimestre. Nos EUA, não lucrou muito.

    N

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  4. Vejo um laço na Fiat e um aviso de "Vende-se". Se a Chrysler não der jeito em 2 ou 3 anos, será vendida. Quem tem ações da Fiat, por favor, venda já.

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  5. E olha q os produtos estão quentinhos ... Foi uma chuva de lançamentos ... E vcs acham q a fiat tinha dinheiro .???.. Foi devendo q ela atirou e comprou marcas q ninguém quis .

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  6. Se for com a FORD não compro mais veículos FORD.

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    1. Não compro. Tem outras marcas melhores. Entre as que mais vendem, meu ranking de qualidade:
      Ruim : FIAT, GM, RENAULT, CHINESAS
      Mediana: FORD
      Boas: VW, HONDA, TOYOTA, HYUNDAI

      NISSAN?

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