Golf mexicano: cota sem imposto atende 2 anos de vendas

O VW Golf passará a ser importado do México, conforme informamos anteriormente (veja aqui, aqui e aqui), e, como há um acordo bi-lateral entre o Brasil e México vigente para o regime automotivo, o modelo pode chegar ao Brasil sem imposto de importação de 35%, desde o volume importado não supere a cota da empresa de importação.

A Volkswagen é a empresa que detém a maior cota de importação do México sem imposto de importação, de US$ 485,5 milhões de dólares (veja aqui) - o que representa 30% da cota total do setor de US$ 1.64 bilhão.

Dessa forma, caso a soma total dos valores dos carros que a Volkswagen traz do México ficar abaixo desse valor, ela não paga imposto de importação. Acima desse valor ela passa a pagar 35% de II, mas apenas sobre os carros que superarem a cota.

Assim, é possível estimar a quantidade de Golf que podem ser trazidos pela VW do México sem imposto de importação. Vamos considerar um preço de transferência (detalhes aqui) do Golf Comfortline DSG em torno de R$ 40.000 reais (no preço de transferência não entram impostos domésticos, como PIS/COFINS, IPI, IRJP, CSLL, ICMS, ISS, IOF, entre outros) e nem as margens de lucro da montadora e concessionárias.

Então, como a cota da Volkswagen seria de US$ 485 milhões de dólares, o que corresponde a R$ 1,091 bilhão de reais no período de março de 2014 a março de 2015, com esse valor seria possível trazer algo como 26.700 unidades do Golf Comfortline DSG. Essa quantidade corresponde a mais de 20 meses de venda do Golf no Brasil, que está em torno de 1.300 unidades/mês.

É importante considerar, porém, que a cota de importação da Volkswagen do México não é usada só para o Golf, mas também para o Jetta e para o Fusca. O Jetta teve cerca de 3.900 unidades vendidas de março a agosto, enquanto o Fusca vendeu cerca de 550 unidades. Levando-se em consideração que o preço médio desses carros é maior que o do Golf, representariam cerca de 5.000 carros.

Dessa forma, estimamos que a Volkswagen teria ainda um espaço em sua cota suficiente para trazer cerca de 21.000 Golf´s até março de 2015 - um período de 7 meses, o que seria suficiente para atender uma demanda de até 3.000 Golf/mês - mais do que o dobro do que é vendido hoje.

Mesmo lembrando que essa cota deve ser compartilhada com o Jetta e o Fusca, supondo uma média de vendas somada de 1.000 unidades/mês de Jetta e Fusca, ainda sobraria 2.000 unidades do Golf por mês (até março de 2015) - número que o colocaria como líder do mercado de hatchs médios.

Conclusão

A iniciativa da Volkswagen de passar a trazer o Golf do México faz todo o sentido, já que, como se pode inferir, a empresa conta com uma folga grande em sua cota de importação do México isenta de imposto de importação. Segundo nossas estimativas, seria o suficiente para atender toda a demanda pelo Golf no Brasil com carros sem os 35% do Imposto de Importação. Resta saber se essa vantagem em termos tributários será compartilhada, ao menos em parte, com o consumidor.