Falha em airbags de carros da GM causaram 303 mortes

Procuradores federais dos EUA estão tentando responsabilizar a General Motors por 303 mortes que aconteceram entre 2003 e 2012 em virtude de falhas no sistema de airbag em carros produzidos pela montadora. A alegação é a de que a GM sabia do mau funcionamento dos sistemas muito antes de ter acionado o recall recentemente (veja aqui) - e que agora já foi ampliado para mais de 1.6 milhão de veículos nos EUA - e como não fez nada, passa a ser responsável pelas fatalidades.

As ações da empresa na Bolsa de Valores de Nova York despencaram cerca de 10% na semana passada, com investidores preocupados com os custos envolvidos no recall de milhões de carros nos EUA, e também em decorrência dos prejuízos à reputação da empresa, a qual se encontra abalada pois está ficando claro que a engenharia e o controle de qualidade da empresa falharam ao não impedir a comercialização de carros com um defeito grave de segurança.

O dispositivo defeituoso em questão é o interruptor de ignição, que em determinadas situações falhava, causando o desligamento do motor e falha na ativação dos airbags em uma colisão. Uma enfermeira de 25 anos morreu em uma estrada no Tenesse em 2009 quando o seu Chevrolet Cobalt saiu da estrada, bateu em uma árvore e os airbags do seu carro não funcionaram (veja aqui).

A GM ainda não foi legalmente responsabilizada pela morte de tais pessoas pois a empresa foi à falência em 2009 e, após ter sido estatizada, emergiu como uma nova empresa. Além disso, há cláusulas de imunidade no processo que levou à recuperação da GM no período, que impedem que fatos relacionados à "velha GM" (antes de 2009) possam afetar a "nova GM" que surgiu após a falência.

Entretanto, procuradores federais dos EUA estão tentando uma forma de superar esse obstáculo legal e promover a responsabilização da GM por mortes ocorridas em seus carros, cujos airbags não funcionaram em colisões, tendo em vista que estão se acumulando evidências de que a empresa sabia do problema muito antes de 2009 e não tomou nenhuma providência.

Uma notícia de hoje da Bloomberg (veja aqui) relata que a GM enviou notificações às suas concessionárias em 2005 e 2006 dizendo que os interruptores de ignição de alguns de seus modelos poderiam desligar o motor.

Entretanto, no lugar de acionar um recall, a GM pediu aos concessionários que avisassem os proprietários desses carros para remover itens desnecessários dos chaveiros onde estavam as chaves de ignição desses carros. Com isso, os chaveiros ficariam mais leves, reduzindo o risco de desligamento involuntário do motor, e, consequentemente, a falha no acionamento dos airbags.

A revelação mostra que a GM sabia do problema, o qual está sendo apontado como causa de no mínimo 303 mortes, anos atrás. A notícia também vai colocar pressão no órgão de segurança americano - Highway Traffic Safety Administration - (veja o relatório de falhas aqui) o qual também está sendo questionado pelo fato de não ter forçado o recall, visto que eles também foram notificados do problema pela GM.

Fonte: The New York Times Reuters