A família fundadora do conglomerado francês PSA, que controla as marcas Peugeot e Citroen, ofereceu-se para abrir mão do controle gerencial das problemáticas montadoras francesas em favor da General Motors, que faria uma injeção de capital para tentar salvá-las da falência. Entretanto, há obstáculos políticos, pois esse acordo resultará em fechamento de fábricas e demissões nas unidades da GM e da PSA na Europa.


A família Peugeot tenta um acordo com a GM após tentativas fracassadas de obter financiamento de outros investidores, entre os quais se incluía a chinesa Dongfeng. Ocorre que a GM enfrenta o mesmo problema de excesso de capacidade de produção com a Opel, e é por isso que a PSA está tentando convencer os executivos da GM a unir as duas operações. A família Peugeot já aceitou que eles vão perder o controle, de modo que este não é mais um problema.

A família Peugeot, que fundou a empresa em 1810 como um fabricante de moinho de café, detém uma participação de 25,4 por cento que comanda 38,1 por cento dos direitos de voto do grupo francês que está lutando para sobreviver. A GM, porém, antes de aceitar injetar dinheiro, quer garantias de que terá carta branca para cortar a produção uma vez que assumir o controle da operação integrada entre Peugeot e Opel.

Vendas despencam

A Peugeot, sua marca irmã Citroen e a Opel estão entre as mais atingidas pela recessão europeia, que derrubou as vendas de automóveis no mercado europeu e contribuiu com um prejuízo de 1,8 bilhões de dólares nos resultados da GM em 2012. E este ano as coisas não estão melhores, pois as estimativas apontam para mais um ano de contração de vendas na Europa.

Para a Peugeot, fortemente dependente do mercado europeu, há uma real ameça a sua existência. A empresa queimou 3 bilhões de euros de seu caixa no ano passado e terminou o ano com um prejuízo líquido de 5 bilhões de euros.

A empresa pretendia cortar mais custos ao reunir os desenvolvimentos futuros de seus carros com o gigante norte-americano, entretanto as conversas sobre a fusão GM-PSA foram interrompidas no final do ano passado em decorrência de uma ajuda do governo francês à empresa e a preocupações da cúpula da GM com a grave situação financeira do grupo francês.

A Peugeot vai precisar de outra injeção de capital este ano, mesmo que a empresa consiga manter sua meta de redução a metade do consumo de seu caixa para 1,5 bilhões de euros em 2013.

As discussões de venda de 30% do grupo PSA para a Dongfeng Motor Group não foram conclusivos, e agora a única esperança é a GM, que aceita colocar dinheiro no negócio apenas se tiver carta branca para integrar Peugeot e Opel e racionalizar a produção.

GM jogando pesado

A GM está jogando pesado para ter garantias de que será capaz de fechar fábricas e cortar empregos de forma significativa, mas, de qualquer forma, nenhuma dessas medidas serão tomadas até eleições alemãs, em setembro.

A montadora dos EUA tem atraído críticas de alguns de seus acionistas em decorrência do investimento que fez na Peugeot. Em fevereiro a GM foi obrigada a cortar pela metade o valor de sua participação na Peugeot.

"A GM não tem planos de colocar mais dinheiro na Peugeot", disse Dan Akerson, principal executivo da GM em entrevista a repórteres em Xangai.

Apesar da negativa, a GM sabe que o seu plano de recuperação de sua operação européia depende de um acordo com a Peugeot, pois com isso poderia lançar versões Opel do Peugeot 208 e do Citroen C4 Picasso, que seriam chamados de Opel Corsa e Zafira.

Caixa da Peugeot: situação crítica

A Peugeot terminou 2012 com 6.67 bilhões de euros em caixa, e deverá consumir mais 2 bilhões neste ano, com custos de reestruturação. Como a empresa tem 2,4 bilhões de euros em empréstimos não utilizados, a montadora deve ficar com 7 bilhões de euros de reservas disponíveis. Ocorre que como a empresa precisa de cerca de 3 bilhões para operar, o colchão de liquidez está mais próximo de 4 bilhões.

Esse nível de liquidez é muito próximo do mínimo de 3 bilhões de dólares, considerado o valor mínimo que viabiliza a operação, valor que não pode cair abaixo, pois pode gerar desconfiança no mercado e, consequentemente, cessar o fluxo de financiamento do mercado, levando a montadora à falência.

Fonte: Reuters

8 Comentários

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  1. A GM tá querendo ir para a falência de novo? Ela já tem sua própria bomba na Europa, chamada Opel.
    Vai assumir outra bomba? Não entendo: a Opel já dá um prejuízo enorme, vão juntar com a Peugeot e Citroen, que também dão prejuízo bilionário?
    Isso só sai se o contribuinte alemão e francês colocarem a mão no bolso.

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  2. Fácil... A GM vai trazer os produtos da PSA para o nosso Brasil... sil, fabricando carros com MENOS e vendendo por MAIS, mandar os lucros pra fora e salvar seu novo negócio. Parece que eu já vi esse filme.

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  3. Uma pena o grupo PSA e Opel estar numa situação dessas,muitos podem até não gostar mas já tiveram e tem modelos bem interessantes....

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  4. Os modelos da Opel são muito foda, o astra é bem mais foda que o cruze e a zafira sem comparação com a spin.

    Quem nunca viu zafira e astra renovados procurem no google para vocês terem um choque de realidade.

    Pra variar o brasil com o produto mais paia.

    Queria era ver um comparativo desses.

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  5. Contar só com um automóvel realmente não dá, o 208 foi uns dos carros mais vendido lá Europa, mas não está sendo suficiente para sustentar a empresa, uma pena pq eu tb quero o meu 208. Xiiiiiiiiiiiiiiiiiii!!

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    1. Se o nosso 208 fosse o europeu, te garanto que eu compraria, mas este fabricado aqui não tem nem metade da qualidade do de lá.

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  6. O cara detentor da PSA mesmo quebrado está bem preocupado!!!

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