Volkswagen up! - a democratização do prazer ao dirigir

O lançamento do Golf GTI de primeira geração, na Europa, em 1976, é considerado um marco na indústria automotiva, pelo fato de ser, o GTI, o carro que democratizou a performance – permitindo aos homens comuns – e não apenas aos milionários – o acesso a um carro de alto desempenho.

Posteriormente, em 1997, com o advento do Golf de 4 geração, tivemos a democratização do comportamento dinâmico premium , já que o Golf MK4 foi o primeiro carro destinado ao mercado de massa a ser construído com requisitos de qualidade, rigidez estrutural e comportamento dinâmico de modelos de categoria superior.

Entretanto, o Golf, por mais que seja um carro de massa na Europa e EUA, ainda existem modelos abaixo dele dentro da própria gama da Volkswagen, como é o caso do Polo e do Gol - carros que, apesar de bem construídos, não gozam do mesmo refinamento construtivo aplicado ao Golf.

Agora, porém , com o lançamento do Volkswagen up!, assiste-se a uma revolução similar à operada pelo Golf no mercado de hatchs médios, porém para o segmento efetivamente de acesso do mercado, o dos modelos mais baratos disponíveis.

O up! é um carro que cativa logo ao primeiro contato, pelo excelente acabamento interno, pelo silêncio, pela ótima posição de dirigir, pela sensação de solidez estrutural – para quem está acostumado com modelos da Volkswagen, o passeio e as sensações que o up! transmite são similares às observadas no Golf.

Não é difícil constatar que o up! é o modelo da gama Volkswagen, abaixo do Golf, que mais se aproximou do comportamento dinâmico do Golf. Nem o Polo (veja nossa avaliação do Polo 2014 aqui) é tão parecido com o Golf, em termos de passeio, quanto o up!.

O Volkswagen up! é um carro que você tem vontade de continuar andando com ele, mesmo sem ter para onde ir, pois ele oferece um prazer de dirigir similar ao observado no Golf. Eu arrisco dizer, que, se fosse possível dirigir de olhos fechados, o motorista facilmente confundi-lo-ia com um Golf.

Isso acontece por vários fatores. O comportamento da suspensão é muito parecido com o do Golf – aquele ajuste que está no ponto ideal entre maciez e firmeza: um pouco mais macio e seria molenga, e um pouco mais firme, seria duro e desconfortável.

A direção é outro ponto de convergência. Começa com o volante, com o mesmo tipo de pegada – excelente, por sinal – com a parte inferior reta, e continua com o mesmo nível de desmultiplicação e as mesmas respostas das observadas no Golf.

Os bancos têm o mesmo nível de maciez/firmeza e a posição de dirigir é basicamente a mesma. Até o puxador de porta com os acionadores dos vidros elétricos são bem parecidos com os do irmão mais velho e mais sofisticado.

Todos esses aspectos, somados ao baixo nível de ruído interno, e à sensação de solidez estrutural (que fica clara pela absoluta ausência de ruídos e grilos de qualquer espécie ao transitar por lombadas ou pisos de baixa qualidade - veja no vídeo abaixo), criam um ambiente bastante agradável na cabine do up!. Assim, o up! pode ser considerado um carro revolucionário, pois ele coloca o segmento de entrada em outro nível.

Segmento este que conta com modelos, como Fiat Uno / Chevrolet Celta e Fiesta Rocam, que cumprem sua utilidade como meio de transporte, mas são eloquentes em reafirmar sua condição de carros baratos.

O Uno (veja nossa avaliação do Uno Vivace 1.0 aqui), por exemplo, tem péssima posição de dirigir, acabamento com montagem e materiais de baixíssima qualidade, é barulhento e cheio de grilos mesmo quando novo, o câmbio tem engates imprecisos e a suspensão é dura, sem oferecer como contra partida boa estabilidade, pois o modelo pula muito. E pior: o Uno não oferece prazer ao dirigir – evidenciando sua natureza essencialmente utilitarista.

Celta e Fiesta Rocam são do mesmo tipo. O modelo da Chevrolet mostra até um cuidado maior no acabamento, mas ao passar em uma lombada o carro se contorce todo, evidenciando a baixa rigidez à torção da carroceria.

O Fiesta Rocam (veja nossa avaliação do Fiesta Rocam aqui), por sua vez, parece não contar com qualquer vestígio de isolamento acústico, pois o ruído de motor de enceradeira invade a cabine de uma forma tão desenvolta que impede, mesmo em baixas velocidades, o estabelecimento de uma conversa.

Sair de um Uno, Celta ou Fiesta Rocam e entrar em um up! é como pular de uma Tubaína direto para um Bordeaux francês: o up! está muito à frente desses em qualquer aspecto, mas sobretudo em qualidade percebida e transmitida ao motorista e aos passageiros, e no prazer de dirigir – abundante no up! e completamente inexistente nos demais.

Conclusão



Nunca existiu no mercado brasileiro um modelo de entrada com um nível de construção tão refinado, um padrão tão elevado de acabamento e que oferecesse prazer de dirigir em doses tão abundantes quanto o up!. Se o Volkswagen Golf GTI é considerado o carro que democratizou a performance, o Volkswagen up! é o que democratiza, de fato e de direito, o prazer de dirigir.